O modelo mais vendido no Mundo
Texto encontrado e digitado da revista Hobby Link nr° 56 ano 2002 pela equipe Sami Hobby
Como surgiu o avião que fez o aeromodelismo radio controlado ser o que é hoje
Por Vicente Napoli
Apouco
mais de três décadas, o radio controle era apenas uma realidade
insipiente no aeromodelismo. Os aviões e os sistemas de Rc ainda não
podiam ser comprados nas lojas como fizemos hoje, pois não havia
produção em escala industrial que fosse economicamente viável. Os rádios
eram feitos “em casa” por pilotos com algum conhecimento de eletrônica e
boa dose de ousadia. Se você praticasse RC, teria de construir seu
próprio sistema, peitando os desafios impostos pelo mercado da época. A
margem do hobby havia também muitos especialistas em eletrônica que
tentavam desenvolver verdadeiras ratoeiras para o RC.
Não era nada
fácil! Caso você quisesse construir um determinado avião, as lojas do
hobby teriam certamente todos os materiais, mais se a procura fosse por
dispositivos eletrônicos, só teria sucesso fora do circuito comercial do
modelismo.
O primeiro grande passo para mudar essa situação foi dado
pela marca estadunidense SIG MANUFACTURING, Graças ao seu fundador
Glenn Sigafoose. Ele criou um verdadeiro depósito de suprimentos para as
demandas do RC. A grande transformação , no entanto , só viria com o
advento do famoso avião DAS UGLY STIK, projetado pelo legendário piloto e
construtor Phil Kraft. É difícil imaginar um aeromodelista veterano que
não tenha usado um Stik no inicio do RC. Muita gente, porém, não faz a
mínima idéia da história por traz desse avião. Ele foi uma peça chave
para o desenvolvimento dos sistemas RC proporcionais, tal como
conhecemos hoje –Ou seja , você move uma alavanca no transmissor e o
controle por ela comandado se movimenta na mesma proporção e com a mesma
velocidade .
Antes, os sistemas de RC eram do tipo “código Morse”,
isto é, tinham apenas um canal e o transmissor era dotado de um botão:
com um toque no botão, o leme vira para a direita; com dois toques, o
leme ia para a esquerda; com três toques rápidos o motor se acelerava.
Havia
possibilidade de usar o mesmo botão para fazer a rotação de o motor
variar em três degraus (mínima, média e máxima), com o que o modelo
ganhava altitude.
Ailerons e profundor eram apenas sonhos!
Na
década de 60, os aeromodelistas começaram a lenhar zilhões de modelos na
tentativa de testar novos sistemas de rádio e de propulsão. Os ensaios
aconteciam, sobretudo nos Estados Unidos onde o poder aquisitivo e o
grau de desenvolvimento industrial forneciam ambiente mais favorável .Os
pilotos pesquisadores precisavam de um avião simples que servisse de
plataforma de testes .O modelo tinha que ser realmente fácil de
construir , de ser concertado a toda hora , sobretudo , voar muito bem
.A solução não tardou a vir . Com alguns rabiscos no papel e um pequeno
feixe de balsa comum, o primeiro DAS UGLY STIC foi criado quase da noite
para o dia por Phill Kraft. Os testes de vôo feitos por Phill
fascinaram curiosos e produziram melhores resultados do que os
esperados. Em seu primeiro desenho o Stik era todo Quadradão, com suas
superfícies Simplesmente cortadas a partir de chapas e varetas de balsa
dentro dos seus tamanhos padronizados. Nada de linhas curvas e enfeites.
Era realmente muito feio! O INVENTOR Phil achou que o desenho poderia
receber alguns retoques para causar melhor impressão e transmitir um
certo ar de audácia e energia .Deu então , ao avião traços que lembravam
as do eindecker,dos tempos da 1° guerra mundial .
A semelhança com o
original germânico fez a revista Grid Leaks brincar na capa sobre o
lançamento do produto , em 1966,propondo a corruptela do nome a partir
do alemão: DAS UGLY STIC (PAU FEIO) e todo mundo passou a querer ter um.
O
RC não seria hoje o mesmo sem o UGLY STIC. Foi com ele que Phill Kraft
desenvolveu seu próprio sistema de RC multicanal proporcional. Os
veteranos do RC se lembram muito bem dos rádios Kraft, Donos absolutos
do mercado até o final dos anos 70. A marca só começou a perder terreno a
partir do momento em que os japoneses inundaram o mundo com seus
produtos eletrônicos bons e baratos, vindo a desaparecer quando os
custos de produção em território dos EUA se tornaram altos demais se
comparados com o dos tigres asiáticos, que levavam a dupla vantagem de
ter mão de obra com preço a baixo do ridículo e de pegarem o bonde da
industrialização justamente no começo da era da automação.
Pena que,
longe dos tempos românticos de Phill Kraft, os problemas do
aeromodelismo Rádio controlado não sejam mais objetivo de saudáveis
pesquisas tecnológicas. Tornaram-se produtos de batalhas mais intensas,
que atendem muitas vezes pelo nome da pirataria.
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